De REVISTA "Caros Amigos"
O episódio do dossiê, ainda sob investigação da Polícia Federal, teve impacto no primeiro turno das eleições presidenciais, mas permanece envolto em dúvidas.
Até hoje não se sabe, por exemplo, se as informações vendidas por 1,7 milhão de reais se restringem aos papéis a que a imprensa teve acesso – basicamente, vídeo e fotos do governador eleito José Serra, quando ministro da Saúde, em companhia de deputados implicados no escândalo dos sanguessugas –, ou se essa é apenas uma pequena parte de um dossiê de 2.000 páginas conforme anunciou à imprensa o policial federal Edmilson Bruno, delegado responsável pela prisão do empresário Valdebran Padilha e do ex-agente da Polícia Federal Gedimar Pereira da Silva, que trouxe o dossiê à tona. Também se discute a atuação da Polícia Federal no caso, principalmente depois que o delegado Bruno fotografou o dinheiro apreendido e distribuiu as fotos para jornalistas, dizendo: “Vamos f... o presidente Lula”. Para discutir essas e outras questões igualmente nebulosas, que prometem alimentar o lado policial da campanha eleitoral, entrevistamos o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais.
Entrevistadores: Marina Amaral, João de Barros, Marcos Zibordi, Renato Pompeu, Thiago Domenici, Wagner Nabuco, Sérgio de Souza. Fotos: Cazu
TRECHO 1
Marina Amaral - O delegado Edmilson Bruno, que entregou a foto do dinheiro, tem ligação com políticos?O Bruno não tem envolvimento político com ninguém, é um menino correto, ficou apavorado com a divulgação e ficou na mão, ninguém apoiou. Só nós é que estamos apoiando. Mas primeiro eu queria saber se tinha negócio de dinheiro, que é uma coisa perigosa, e se ele era ligado ao PFL, PSDB ou qualquer outro partido. Não tem nada a ver. Ele revelou aquilo ali mais no sentido de que foi pedido a ele que não revelasse, entendeu? E depois tiraram ele do caso.
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TRECHO 2
Sérgio de Souza - Os tucanos chamam esse dinheiro do suposto dossiê de “dinheirama”, 1,7 milhão – e o dinheiro das contas CC-5 você lembra quanto era? Um escândalo que envolveu o nome do Bornhausen. Não quiseram mais discutir o CC-5 porque é a mesma coisa que esse caso aqui, se você tiver Palmeiras e Corinthians envolvidos, não tem final de campeonato, vai fechar os dois times? Acaba com o campeonato paulista, acaba com o campeonato brasileiro?
TRECHO 3
Marina Amaral - Você disse que a Polícia Federal sempre agiu ligada ao poder. Nesse governo também, ou ela agiu atrelada ao poder ou ela agiu com liberdade?Noventa por cento com liberdade. Mas, quando a coisa é muito terrível, eles interferem. Mas, se você é delegado, não tem que obedecer ninguém. Hoje, graças a Deus, existe uma geração de policiais, não porque é novo, uma mentalidade dos velhos também, que não obedece mais o diretor, nem o superintendente.
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TRECHO 4
Thiago Domenici - Segundo turno agora dia 29, você acha que essa história vai durar quanto? Vai ter uma solução antes ou depois?A pressão está muito forte. Agora, uma investigação é que nem uma corrida de Fórmula 1. Você não pode andar a 400, você tem que andar a 300, se você andar a 400 vai capotar na curva, se andar devagar todo mundo passa você. A investigação policial não pode se atrelar à vontade do Alckmin nem do Lula, ela tem que se atrelar, e aí com isenção, em cima do tempo que leva para fazer as coisas.
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