CIDADE DE PEDRA

By Carolkidman
Você já ouviu falar na "Cidade de Pedra"? Não sei por que mas toda a minha infância achei que a minha cidade fosse de pedra. Um calor do cão, um trânsito danado, pessoas andando a pé para lá e para cá, e os carros, sem lugar para estacionar.
Passaram -se trinta anos, e a cidade ficou pior, um calor danado, as pessoas andando para lá e para cá,
Vai numa loja, não acha o que procura, vai em outra, também não, até que desiste de procurar. Prefere viajar de alguns quilômetros para achar a coisa mais simples que queria: uma simples touca de cabelo.
Indaguei comigo: Será que o povo daqui não usa touca de cabelo? Como as mulheres fazem, molham o cabelo toda a vez que vai lavar a cabeça?
É uma coisa inacreditável o que acontece na minha cidade.
Simplesmente desisti de procurar as coisas aqui, prefiro ficar sem elas, ou viajar...aí compro duas, três e até quatro, para se acabar, tem mais em casa, aí não fico irritada, ou totalmente irritada.
E Droga Raia então? Já tentou entrar lá durante a semana?Já tentou achar um estacionamento no meio da tarde?
É quase que impossível.
Primeiro que não vai achar vaga na rua, segundo que vai estar lotado. Também, a única farmácia que dá descontos de até 50% de remédios genéricos. Além disso, não existe outra Droga Raia em Limeira.
E o trânsito, todo desordenado, as pessoas não sabem dirigir na rua, são barbeiras, não dão sinal, não respeitam o trânsito. É salve-se quem puder.
Eu desisti já, dirijo como uma sobrevivente, sem saber o que pode acontecer lá na frente.
E os restaurantes então, alguns aceitam só dinheiro, mas e cartão de crédito ou débito? Não existe muito por aqui, e eu, infelizmente ando sem dinheiro no bolso.
Conclusão: Economizo nas minhas refeições, e na maioria das vezes almoço em outra cidade, que aceita cartão de crédito, débito, cheque ou dinheiro.
Acho que não nasci para morar aqui. Será que só eu estou errada e todos estão certos? Por que ninguém reclama de nada?
Será que a cidade está certa, tem de ser deste jeito? E eu que não me encaixo nela?
E sábado a noite então, na rua, carros voando, parecem que estão na Fórmula Indi. Com sons altos. Será que vão no otorrino, ou já estão surdos?
Onde vamos parar nesta cidade? Cade os policiais que não fazem nada, cadê os cidadãos que não exigem seus direitos? Cade a educação no trânsito? Cadê tudo?
É mesmo uma cidade de pedra, eu tinha razão, tudo é difícil aqui: achar a mercadoria que você deseja, almoçar e jantar em bons restaurates. passeios ao ar livre por exemplo não existe. A não ser passear na rua e aguentar os carros voando ao seu lado e a barberagem.
Eta cidade difícil. Onde está o lazer nesta cidade? Nos barzinhos, onde pessoas enchem a cara e saiem aí brigando? Isto é diversão? Eu não vejo graça alguma nisso. Acho que estou errada, e eu que deve mesmo mudar-me daqui.
Cadê o zoológico para ver os animais? Onde está o museu da cidade e o que tem nele? E a biblioteca Municipal? Da última vez que entrei nela, estava na 5a. série.
Onde estão os lugares bons para ir?
Acho que não existe aqui, só alguns quilômetros daqui se vê coisa bonita e pessoas alegres andando pela rua.
Eta cidade difícil. O melhor daqui é dormir mesmo, por que de resto, não compensa perdendo tanto tempo irritada com tudo.
Há muitas coisas melhores neste mundo do que cerveja quente e batata fria gelada.
Atualmente a minha diversão é ir ao supermercado, que nem shopping tem direito. E o que tem, não dá para o gasto, nem o café de lá é bom.
Estes dias queríamos tomar um capuccino gelado, mas perguntamos: Onde vamos tomar isto? Eu disse, na galeria. Então fomos até lá, e sentamos no café.
Perguntamos para a moça do balcão se tinha capuccino gelado e ela respondeu: Ter temos, mas nunca fizemos. Pensamos então: aqui é uma ra ciade pioneira, tudo acontece pela primeira vez. Então levantamos e fomos embora.
Eu fui embora emburrada pois estava com fome e queria apenas um capuccino comum e um pão de queijo, e o Rogério também saiu irritado por minha causa.
Deveríamos ter ido para Pira tomar um capuccino gelado. Da próxima vez vamos para lá. Certeza.
A cidade é de pedra, nunca vai mudar, alías, a tendência é que piore a cada instante. Onde vamos parar? Não quero morrer aqui. Se morrer, nunca mais quero voltar para cá.
Esqueci da locadora também, que felizmente tem uma boa, pelo menos isto que presta nesta cidade de pedra.
Ah me esqueci do 5 a sèc que abriu agora, que parece que pelo menos vai para frente e estamos evoluindo um centímetro pelo menos. Parece até um milagre de Deus.
Ah! Estava me esquecendo também. Um dia resolvi ir na Fotótica do centro. Rodei, rodei, rodei até que depois de uma hora achei uma vaga. Entrei lá para revelar alguns filmes digitais. Demorei mais uma hora para separar os filmes. Ela iria me ligar para pegar.
Um dia desses minha mãe me deu o recado que os filmes estavam prontos. E eu pergntei: Mas que filmes? Não me lembro de ter levado para revelar nenhum. Isso passou um ano já e eu não tive coragem de ir lá pegá-los.
Fico irritada só de pensar que não tem lugar para estacionar e iria perder pelo menos meia hora rodando até achar uma vaga. Quando tiver de bom humor, passo lá, por enquanto fica lá que é melhor.
Ai que cidade de merda. Tudo aqui é realmente difícil por aqui, ainda mais com um calor e sem sombras para se proteger do sol. Acho que estou no sertão.

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