33 anos, 33 canções...

... diga 33! Respire... Bem, ainda não tenho uma escavação no pulmão esquerdo nem o pulmão direito infiltrado, mas não dá para dizer que chego ileso aos 33 anos. O joelho começa a incomodar, bem como outras dores crônicas (físicas ou não). Tem também a hipertensão e a necessidade de uma dieta (decididamente não se come mais como aos 20 anos, sem trocadilhos). Mas o estranho de fazer aniversário depois de certa idade nem está nisso tudo, ou na necessidade dos óculos, ou nos fios grisalhos que começam a surgir no cabelo que ainda resta. Existem duas coisas com as quais ainda tenho que me acostumar, e são elas a tomada de noção da própria finitude e o fim das certezas.

Eu lido bem com isso durante quase todo o ano. Perceber-me limitado, saber que eu não sou invencível como pensava ser quando "jovem", foi um processo relativamente natural. O fim das certezas também foi ótimo, até me divirto ao lembrar de como antes eu tinha certezas sobre o futuro, sobre meus gostos, sobre meus valores e expectativas... É de fazer rir lembrar de como nos sentimos "prontos para a vida" no fim da adolescência. Não que estar certo e seguro sobre a vida não seja bom, mas é ilusório de um jeito que pode aprisionar e cegar. O tempo mostra que nosso poder e capacidade de controlar os próprios rumos são bastante limitados, e que a vida é muito mais incerta do que parece, e sinceramente isso não é ruim. Chega a ser reconfortante e libertador em vários momentos. Falo como alguém que começou com engenharia e administração e está hoje com a psicanálise, acho que dá para ter uma ideia do que quero dizer.

Mas o aniversário... No aniversário sou saudoso. Passo o dia com pessoas que já se foram e lugares que não existem mais, sem falar naqueles que poderiam ter sido, que vêm me visitar. E é o dia em que me reservo o direito de ficar introspectivo e amedrontado a respeito deste dígito a mais e da insegurança de meu caminho. A Dija me disse hoje que imagina "a depressão deste dia feliz", e ela mostra que me conhece bem, mas não é exatamente isso. Ainda que exista uma melancolia, penso no Dia de Reis como uma pequena parada para respirar fundo e refletir sobre quem sou; uma tomada de fôlego. E toda a reflexão fica melhor com as mensagens e telefonemas, com os e-mails carinhosos (o que recebi da leitora Camila é daqueles que fazem valer a pena essa coisa de escrever um blog), e surpresas. A Ana cantando "parabéns pra você" direto da Espanha foi de ganhar o dia!

Pensei em aproveitar a data para reunir 33 canções importantes em minha vida. Não são necessariamente "as preferidas", nem pensei demais a respeito. O esquema da lista foi "associação livre" mesmo. É a trilha sonora de amores, de viagens, de fases, de momentos com amigos e família, sem ordem. Lá vai:

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