Publicada em 06/08/2009 às 21h57m
Por João Sorima Neto, O Globo
SÃO PAULO - Embora até o dia 1 de agosto, o Brasil representasse apenas 1,8% dos casos de gripe A (H1N1) no mundo, o número de mortes no país equivalia a 8% do total de vítimas fatais registradas no planeta pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Com as novas mortes anunciadas esta semana nos estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, elevando o total de óbitos para pelo menos 140, o Brasil já tem 12% do total de vítimas fatais do mundo. É o mesmo percentual do México, onde a pandemia começou. Nesta quinta-feira, foram confirmadas mais três mortes no Rio Grande do Sul ,duas em Osasco, na Grande São Paulo, e uma na cidade paulista de Nova Odessa.
Os Estados Unidos lideram o número de mortes no mundo, com 353 casos registrados, o equivalente a 30,5% do total de óbitos. Em seguida, está a Argentina com 337 casos - ou 29,2% do total de vítimas fatais no mundo. México (com 146 mortes) e Brasil (com 140 óbitos) vêm em seguida. No boletim divulgado pela OMS esta semana, 162.380 contraíram o vírus H1N1 e 1.154 morreram até este momento. De acordo com a OMS, as Américas são as regiões mais afetadas pela doença, com 98.242 casos e 1.008 mortes.
Com o elevado percentual de mortes pela doença no país em relação às vítimas da doença no mundo, médicos infectologistas começam a colocar em xeque a estratégia do governo de centralizar a distribuição do antiviral Tamiflu, usado no tratamento da doença. O ministro José Gomes Temporão argumenta que a liberação da venda do Tamiflu no varejo poderia criar um vírus mais resistente, além de levar a população a se auto-medicar.
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" A disseminação da gripe A é rápida. O sucesso no combate à doença e na redução de mortes está diretamente ligado a ministrar o remédio precocemente "
O médico infectologista Edimilson Migowski, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que se o governo tivesse flexibilizado o uso do Tamiflu desde o início da pandemia, o país poderia ter reduzido o número de mortes.
- A disseminação da gripe A é rápida. O sucesso no combate à doença e na redução de mortes está diretamente ligado a ministrar o remédio precocemente nos pacientes que apresentam os sintomas. Ao dificultar o acesso ao Tamiflu o governo ajuda a aumentar a mortalidade - afirma o infectologista.
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Ele cita o caso da Inglaterra, onde o remédio foi administrado a pacientes que apresentavam os sintomas da gripe A, e o número de mortes se manteve reduzido em relação ao total de casos.
- Há pelo menos cem mil casos da gripe A na Inglaterra, com 30 mortes. É o resultado do medicamento ter sido liberado para todo mundo com sintomas. Se no Brasil isso tivesse acontecido, o número de óbitos também seria bem menor - avalia.
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Para ele, como o Tamiflu é um medicamento tarja vermelha e só deve ser vendido com prescrição médica, é uma balela o argumento de que haveria uma corrida às farmácias para auto-medicação. Além disso, diz ele, o governo tem o controle do preço do Tamiflu e poderia evitar uma explosão do valor. Além disso, para evitar que o vírua fique mais resistente, basta que o paciente medicado fique em quarentena, evitando contado com outras pessoas.
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- O governo tem o poder de multar ou fechar as farmácias que vendessem o Tamiflu sem prescrição médica ou que aumentassem o preço - diz Migowski.
A médica Nancy Bellei, especialista em gripe da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro do grupo de Influenza da Sociedade Brasileira de Infectologia, avalia que se o acesso dos doentes ao medicamento fosse mais fácil, certamente teria sido possível reduzir o número de pacientes que evoluíram para complicações mais graves e, portanto, evitado mortes em alguns casos. O medicamento age reduzindo a carga viral dos infectados.
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- É uma doença que se complica rapidamente, mas o doente também se salva rapidamente se a intervenção for rápida - diz ela.
Para a médica, muita gente com os sintomas está tendo o tratamento postergado porque o Tamiflu ainda não está acessível.
- E o acesso fácil depende exclusivamente do Ministério da Saúde - diz a médica.
Na terça-feira, a Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro entrou com ação na Justiça Federal do Rio de Janeiro pedindo que o Ministério da Saúde disponibilize em toda rede privada e pública do país o Tamiflu. A Defensoria quer que o remédio fique disponível também para casos suspeitos da doença, e não somente para doentes graves. A Defensoria quer ainda que o medicamento seja vendido no varejo em todo país.
Nesta semana, o Ministério da Saúde deu mais autonomia aos médicos para receitar o Tamiflu. De acordo com o Ministério, o remédio agora poderá ser receitado para pessoas foram do grupo de risco (gestantes, pessoas com cardiopatias, hipertensão) ou pacientes graves.
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