Antes de mais nada, não quero me referir ao final feliz na vida de todos, mas apenas nas obras de ficção, sejam elas literárias, cinematográficas e até musicais.
Não sou psicólogo e nem psiquiatra, mas o que irei discutir nestas poucas linhas é uma análise fria de como se comporta o leitor, o espectador, o apreciador de uma obra que trata de criar a vida de terceiros que podem ou não ter existido.
Por muitas vezes se vê alterações em roteiros de filmes por parte de produtores de cinema que dizem que certas situações não podem chegar ao espectador porque aquilo na verdade só fará lembrar eles das suas próprias fraquezas e falhas, e pior ainda, de suas próprias vidas.
Obras de ficção de cunho populista, vulgo pop, tem por obrigação abraçar a noção de que o bem vence o mal (espanta o temporal, “sai Gorpo!!”), não importa os perrengues que o personagem principal tenha de passar. Alguns podem morrer no caminho, alguém irá sofrer, mas no final das contas, tudo tem que valer a pena. O herói não pode se tornar o vilão e o vilão não pode prevalecer.
Um dos casos mais icônicos em relação a finais felizes é o do livro O Espião que veio do frio do escritor John le Carré e que virou filme nas mãos do diretor Martin Ritt com o ator Richard Burton interpretando o personagem principal. Tanto em um quanto em outro, o final é triste para nosso herói e em razão disso um resenhista do jornal The New York Times deu uma nota ruim ao filme em razão do mesmo não ter um final feliz dizendo que todo filme deveria ter um final feliz. Isso, claro, eram os anos 60, outra época, mas ainda assim as palavras dele ecoam até o presente.
Todos merecem um final feliz? Nem sempre e todos devemos entender que o mal, como concebido pela grande massa, tende a prevalecer e que o bem apenas acontece de forma efêmera. Hoje podemos estar bem, mas amanhã algo irá nos fazer questionar nossa felicidade e porque já não estamos felizes, nos fazendo buscar mais e mais felicidade enquanto sofremos.
O Dalai Lama tem uma frase muito boa sobre isso: .... Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.
E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.
Viva sua vida intensamente, esqueça-se da existência da dor e do sofrimento e aprenda a entender que tudo na vida poderá nos trazer alegrias e tristezas e não serão as obras de ficção com seus finais felizes que irão nos fazer sentir melhor. É melhor estar consciente da nossa realidade e saber distinguir um bom filme, um bom livro, uma boa música, não pela sua mensagem alegre e feliz, mas por sua mensagem como um todo, seja ela um tapa na cara da sociedade, seja ela uma mensagem de esperança de que tudo irá melhorar.
Quem sabe assim deixemos de esperar por um final feliz, mas sim, façamos nosso próprio final feliz após experimentar o que há de bom e de ruim em nossas vidas.
Fonte: Anônimo
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